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Alemanha autoriza cidades a proibir carros a diesel


Por William Boston

Uma corte da Alemanha decretou ontem a morte de certos carros movidos a diesel, num golpe para a importante indústria automobilística do país, que agora será forçada a gastar bilhões de dólares para modernizar ou substituir milhões de automóveis.

Numa decisão histórica, a Corte Administrativa Federal da Alemanha, em Leipzig, decidiu que as cidades de Stuttgart e Düsseldorf poderão proibir a circulação de veículos a diesel no perímetro urbano como um meio de reduzir a poluição do ar. Basicamente, a decisão abre caminho para qualquer cidade alemã proibir a circulação de veículos a diesel mais antigos e poderá inspirar medidas parecidas em cidades de toda a Europa, segundo analistas.

O índice de ações bluechips DAX caiu bastante com a notícia, com a pressão sobre as ações da Volkswagen, Daimler e BMW.

A decisão deverá acelerar o fim de uma tecnologia que as montadoras alemãs apresentavam como uma panaceia que oferecia um desempenho sólido, economia de combustível e baixas emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, mas que ficou bastante desacreditada com o escândalo de fraude dos testes de emissões de poluentes envolvendo a VW e outras montadoras.

Além disso, constatou-se que a fumaça resultante da queima do diesel, que goza de subsídio em toda a Europa, é mais danosa à saúde do que se pensava anos atrás.

A premiê alemã, Angela Merkel, passou a ser pressionada depois da decisão para estabelecer uma regulamentação federal, evitando assim o que lobistas do setor automobilístico alertam que pode se tornar "uma miscelânea de regras conflitantes" em cidades de toda a Alemanha. Merkel disse que iria se reunir com prefeitos para determinar a melhor linha de conduta.

Merkel poderá ter ainda de decidir entre se fazer as montadoras arcarem com o custo (estimados em € 8 bilhões) de readaptar os veículos a diesel, enfraquecendo a mais importante indústria do país, num momento em que ela precisa investir muito em veículos elétricos e na tecnologia de veículos autônomos; ou tomar a decisão impopular de usar dinheiro público para financiar os reparos, podendo com isso perder eleitores.

Grupos ambientais pediram que o governo federal permita aos municípios imprimir adesivos que seriam concedidos apenas aos veículos que atenderem aos atuais padrões de emissão de poluentes.

Os mais afetados serão os donos de veículos mais antigos movidos a diesel que não aderirem aos padrões mais recentes de emissão de poluentes, o chamado Euro 6. Eles representam apenas 2,7 milhões dos 15 milhões de veículos de passageiros a diesel em circulação na Alemanha, segundo a Associação da Indústria Automotiva Alemã.

Os veículos a diesel do chamado Padrão 5, cerca de 5,9 milhões de carros, não estarão sujeitos à proibição até setembro de 2019, decidiu a corte de Leipzig. Mas todos os demais veículos a diesel hoje em operação, quase 7 milhões de unidades, poderão estar sujeitos à proibição a qualquer momento.

Horas depois da decisão da corte, a cidade de Hamburgo, no norte da Alemanha, disse que está pondo em prática uma decisão anterior de restringir a circulação dos veículos movidos a diesel anteriores ao padrão Euro 6 de certas ruas movimentadas da cidade. Outras cidades deverão fazer o mesmo.

Antes do caso envolvendo a VW, em 2015, mais da metade dos automóveis novos vendidos na Europa eram equipados com motores movidos a diesel. Agora, esse número está em torno de 44%, formado na maior parte por frotas corporativas e veículos de entregas, segundo analistas. Eles preveem que, até 2025, apenas 20% dos carros novos vendidos na Europa terão motor a diesel.

A decisão de Leipzig em apoio á proibição dos veículos a diesel "vai acelerar esse declínio", afirmou Liam Butterworth, executivo-chefe da fornecedora de autopeças Delphi Technologies, acrescentando que as montadoras deverão se movimentar mais rapidamente para substituir os motores a diesel por motores a gasolina, elétricos ou híbridos. "A maioria dos motores a diesel abaixo de 2 litros simplesmente vai desaparecer", disse ele.

Butterworth disse que a Delphi já começou a reduzir dramaticamente seus negócios no segmento de diesel e a ampliar o desenvolvimento de motores a gasolina menores, tecnologias híbridas e propulsão de carros elétricos.

Em 2016, uma corte estadual de Düsseldorf apoiou um ação movida pela Ação Ambiental Alemanha (DUH), uma organização não governamental, e decidiu explicitamente que a restrição de circulação permitiria a redução das emissões de óxido de nitrogênio, um subproduto das emissões de diesel. Uma corte em Stuttgart, onde ficam as sedes da Mercedes e da Porsche, fez o mesmo em julho.

Os respectivos governos estaduais onde as duas cidades estão localizada, Renânia do Norte-Vestfália e Baden-Wurttenberg, recorreram da decisão, colocando a questão nas mãos de juízes federais em Leipzig. Ao estabelecer um precedente federal, a corte de Leipzig deixa poucas opções às cidades a não ser banir os veículos a diesel.

"Acreditamos que as primeiras proibições ao diesel serão implementadas nos próximos três a seis meses, como resultado dessa decisão", disse Jürgen Resch, diretor da Ação Ambiental Alemanha.

A associação alemã de fabricantes de máquinas VDMA disse que "a proibição dos veículos a diesel é a maneira errada" de conter a poluição e que vai prejudicar o setor de serviços e trabalhadores especializados que usam vans movidas a diesel em entregas. A VDMA pediu que, em vez disso, haja uma melhora nos sistemas de controle de tráfego e um transporte público melhor.

Uma proibição geral do diesel não só afetaria os trabalhadores que usam o transporte público, como também as empresas

locais, ônibus, táxis e outros serviços municipais que usam veículos a diesel. Com milhões de donos de carros afetados, a indústria automobilística está sob uma enorme pressão para pagar a conta da retirada das ruas dos veículos a diesel.

Os revendedores de carros já estão tendo mais dificuldades para vender esses carros. Na Alemanha, os veículos a diesel estão ficando em média 102 dias parados nas lojas, e o valor de revenda dos carros a diesel caiu 6% no último ano no país, em grande parte devido ao receio do fim dos carros a diesel. Os menores valores de revenda poderão afetar as operações de leasing, que pressupõem valores residuais maiores, e poderão forçar as montadoras a fornecer apoio financeiro aos seus revendedores.

Uma proposta do governo exigiria das montadoras que elas modernizassem os componentes dos motores a diesel mais antigos para melhorar suas emissões. Se implementada, a decisão poderá custar às montadoras alemãs quase € 8 bilhões em reparos dos veículos, segundo analistas da Evercore ISI, uma corretora de Londres.

Fonte: Valor Econômico 

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