De acordo com especialista, cultura de humanização e a compreensão das subjetividades não se opõem à busca pelo lucro.
Às vésperas do Dia do Balconista de Autopeças, o Novo Varejo foi em busca de especialistas que pudessem lançar luz sobre pontos subjetivos capazes de exercer influência direta sobre a linha tênue que separa o bom e o mal desempenho de um profissional de vendas – para além de seu treinamento técnico. Nesse contexto, nossa reportagem se deparou com o trabalho da doutora em Psicologia pela universidade argentina John F. Kennedy, Martha Ebert, profissional e acadêmica que tem dedicado sua carreira à análise das questões fundamentais que envolvem a saúde das pessoas no ambiente de trabalho e as diferentes maneiras com que essas questões exercem influência direta no desempenho da empresa. De acordo com a especialista, a humanização das relações de trabalho é a chave para a harmonização tanto Martha Ebert destaca papel das lideranças para preservar o bom ambiente da empresa da preservação do equilíbrio do trabalhador quanto da criação de um ambiente propício para o sucesso dos negócios em geral.
CONJUNTURA
Antes de iniciar uma análise sobre questões internas da empresa que possam criar, ou não, essa cultura de humanização, Martha enfatiza que o cenário atual brasileiro já é, por si só, desafiador pelo fato de a taxa de desocupação ainda se encontrar em padrões temerários ao atingir cerca de 13 milhões de desempregados. “O medo do trabalhador empregado é uma das consequências do desemprego, constituindo uma porta aberta ao sofrimento, pois fragiliza o trabalhador e o torna vulnerável”. A especialista destaca que a conjuntura tem impacto direto nos profissionais de vendas, caso dos balconistas. “No caso específico dos vendedores, não bater as metas de vendas é fator de preocupação”. Tal cenário pode até causar o adoecimento do profissional. “O fato é que os trabalhadores acabam não tendo a parte das questões conjunturais, Martha Ebert aponta que o clima organizacional é o único medicamento preventivo contra o sofrimento e o adoecimento do trabalhador. E isso é tarefa das lideranças, ao estabelecer metas factíveis, manter os funcioná- rios motivados e reconhecer o esforço de todos e resultados alcançados. “O cuidado fundamental baseia-se na organização do trabalho, ou seja, na coerência entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Cobranças fazem parte de qualquer grupo social, mas não se pode cobrar quando não há contrapartida, ou seja, saber se os resultados negativos se devem à sua competência ou à crise econômica, gerando angústia e sofrimento, que tomam a forma de medo de ser incompetente ou de não estar à altura da função exercida”, analisa a psicóloga.
Fonte: Novo Varejo: https://goo.gl/bbjCgU