Modelo ganha nova geração e pode voltar ao Brasil em 2017.
Econômico e equipado, tem mais chances de sucesso que antecessor.
Chevrolet Malibu: primeiras impressões
Modelo ganha nova geração e pode voltar ao Brasil em 2017.
Econômico e equipado, tem mais chances de sucesso que antecessor.
Qual é a definição de sedã médio para o brasileiro? Corolla, Civic, Focus, certo? Para os americanos, porém, esses modelos são considerados pequenos. O Chevrolet Malibu é um modelo médio para o americano e grande para o Brasil. Em Detroit, o G1 experimentou a nova geração do modelo, que acaba de chegar às lojas daquele país e pode desembarcar no Brasil em 2017 - mas tudo depende da relação dólar x real.
Longe do líder
Nas vendas, a geração que se despede das lojas não deixará saudades. Em 2015, o Malibu foi apenas o sexto sedã médio mais emplacado nos EUA. Mesmo assim, o acumulado de 194.854 unidades ainda o coloca acima do veículo mais vendido do Brasil no período, o Onix, com 125 mil unidades.
À frente dele, aparecem, na ordem decrescente, Hyundai Sonata, Ford Fusion, Nissan Altima, Honda Accord, e o líder da categoria, Toyota Camry, que emplacou 429 mil unidades, mais que o dobro do Chevrolet.
Mas o nome Malibu continua popular: ele foi o veículo mais buscado no Google, nos Estados Unidos, em 2015.
Um caminhão de mudanças
Para tentar converter a curiosidade do público em vendas, a General Motors, dona da Chevrolet, mexeu pesado no sedã. Se o conjunto do Malibu que era vendido no Brasil nunca foi digno de arrancar suspiros do comprador de sedãs (motor 2.4 de 171 cavalos), a nova geração mudou bastante – ela quase não se parece com um típico modelo americano.
Logo de cara, o visual do carro é completamente diferente. As linhas com pouca inspiração deram lugar a um desenho mais harmônico e expressivo – que inclusive inspirou a reestilização do Cobalt no Brasil. Os faróis são mais finos, a grade é maior e mais pronunciada, e há mais vincos.
Segundo a GM, uma "dieta" fez com que o Malibu perdesse 136 kg. Mas isso não veio com prejuízo em espaço. Pelo contrário. O carro ficou 5,8 centímetros mais comprido e com 9,1 cm a mais de distância entre eixos, chegando a 4,92 m e 2,83 m, respectivamente. O espaço para as pernas no banco traseiro ainda aumentou 3,3 cm, de acordo com a montadora.
Conectado, mas acabamento fica devendo
Também houve uma boa melhoria no pacote de equipamentos. Todas as versões são equipadas com 10 airbags, piloto automático, acesso e partida sem a necessidade de chaves em mãos, assistente pessoal OnStar gratuito por 6 meses, comandos de áudio no volante, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, direção elétrica e ar-condicionado.
A versão mais simples, L, porém, é despojada até para um sedã médio brasileiro. Ela vem com calotas, rádio simples e bancos de tecido. Por outro lado, a Premier é recheada de itens de série. Ela traz ar-condicionado de duas zonas (controles separados para motorista e passageiro), sistema de conectividade MyLink com tela de 8 polegadas, modem 4G com Wi-fi para os passageiros, som da grife Bose e bancos de couro com ajustes elétricos e aquecimento.
O Malibu só fica devendo um acabamento mais caprichado. Longe de ter rebarbas ou peças mal encaixadas, os plásticos da cabine poderiam ter qualidade ligeiramente melhor. É equivalente, por exemplo, ao da nova geração do Honda Civic, que custa bem menos.
A configuração mais cara ainda conta com couro e alguns acabamentos cromados. O visual é moderno e agrada, e todos os comados são fáceis de acessar. Moderna, a central multimídia desta versão é compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, do Google, que transferem para a tela do carro o ambiente dos iPhones e smartphones com sistema Android.
Nem parece americano
Imaginando sedãs tipicamente americanos, com grandes motores, nem sempre eficientes em consumo, e donos de suspensões tão macias que é impossível derrubar um copo cheio de café no banco, o Malibu nem parece ter essa cidadania.
Não adianta procurar na ficha técnica motores com mais de 4 cilindros ou 2 litros de deslocamento. Das 3 opções disponíveis, a maior é um 2.0 turbo, com 253 cv e 35,7 kgfm de torque. Há também um inédito 1.5 turbo, de 165 cv e 25,5 kgfm, e um conjunto híbrido, composto de motor 1.8 e outro elétrico, com potência combinada de 185 cv e 38,2 kgfm.
Para quem espera um modelo de comportamento “sem graça”, o Malibu surpreende. Nada de direção anestesiada e suspensão macia. No trajeto de 30 km ao volante, o sedã mostrou que ainda esbanja conforto, mas está mais rígido.
Como as condições do teste eram adversas, com neve e pouca aderência, a velocidade raramente ultrapassou os 50 km/h no primeiro trecho, o que não permite fazer maiores afirmações sobre o motor. A transmissão automática de 8 marchas trabalha de forma quase imperceptível e faz as trocas discretamente.
Com a condição da pista melhorando durante os demais 70 km do percurso (em que outros dois jornalistas se revezaram ao volante), foi possível atingir 100 km/h. Ao fim, o computador de bordo registrou consumo médio de 29 milhas por galão, o equivalente a 12,3 km/l. A GM divulga consumo de 9,4 km/l para ciclo urbano e 14 km/l para rodoviário.
Vem para o Brasil?
A GM não esconde o desejo de vender novamente o Malibu no Brasil. Quando a sétima geração foi oferecida por aqui, entre 2010 e 2012, ela não tinha volumes expressivos – foram vendidas 2,9 mil unidades no período, de acordo com a montadora. Como comparação, apenas em 2010, o Ford Fusion registrou 10.918.
Da geração anterior foram trazidas algumas unidades, mas ela nunca chegou a ser comercializada – o preço seria inviável. Agora, quando o veículo tem a melhor geração em muitos anos e consegue fazer frente aos rivais, o problema é o dólar.
“Com o dólar a R$ 4, é inviável importar”, diz Marcos Munhoz, vice-presidente da GM no Brasil. Mesmo assim, o executivo confirma que serão importadas unidades para o processo de homologação.
Se a decisão de venda sair, o novo Malibu chega no começo de 2017, em duas versões, 2.0 e híbrida. Elas devem ser baseadas nos catálogos mais caros e completos dos EUA – LT2, que aqui deve se chamar LTZ, e Premier.
Concorrentes
O mercado de sedãs grandes no Brasil tem concorrentes tradicionais e muda pouco. Ford Fusion, Toyota Camry, Honda Accord, Hyundai Azera e Volkswagen Passat e Nissan Altima são os principais competidores.
Do grupo, o único que não conta com o imposto de importação é o Fusion. Vindo do México, país que possui acordo com o Brasil, o Ford é de longe o mais barato. Ele parte de R$ 108,4 mil, com motor 2.5 flex, e de R$ 123,4 mil, na opção com motor 2.0 turbo de 240 cv. Vale lembrar que o Ford muda no meio do ano – ele teve a reestilização mostrada no Salão de Detroit.
Dos demais, o mais em conta é o Azera, que sai por R$ 139.990. Porém, é o mais antigo entre os concorrentes. O mais caro, Camry, de R$ 180.370, também não é o mais moderno.
Os dois mais recentes são Passat (a partir de R$ 147.390), cuja nova geração acaba de chegoar ao país, e Accord (R$ 156,3 mil), que passou por uma reestilização.
Conclusão
A nova geração do Malibu é a melhor chance da GM entre os sedãs grandes no Brasil em muito tempo. O sedã ganhou muito em visual, além de ter ficado mais eficiente, potente, espaçoso e econômico.
A questão crucial para o sucesso do Malibu por aqui é o preço. É aí que a produção nos EUA joga contra, já que o país não possui acordo comercial com o Brasil, e os produtos vindos de lá pagam imposto de importação.
A grande briga do Malibu, caso ele venha, deve ser pelo segundo lugar do segmento, já que a liderança incontestável tem sido do Fusion, com a vantagem do preço.
Ainda que não venha para ser o líder da categoria, o novo sedã tem importância para a GM voltar a um segmento que já foi marcado por grandes nomes, como Opala e Omega. Se vier, quem sabe, em alguns anos, o nome Malibu não seja considerado um clássico da marca da gravata.