O dia 8 de março é um dia de celebração, mas também de luta e de
questionamentos.
Historicamente, a possibilidade de uma data relacionada à mulher surgiu
na primeira metade do século XX a partir da proposta de enaltecimento das lutas
das mulheres de diversos países como Rússia, Estados Unidos e países Europeus
por melhores condições de trabalho e de vida, bem como maior participação
destas em questões sociais e políticas. A ONU designou oficialmente a data em
1975.
Dito isto, o que mudou nesse cenário 44 anos depois? É possível
antecipar que luta pelos direitos trabalhistas pelas e para as mulheres
continua até hoje e não vai cessar tão cedo. Vamos entender por quê?
O setor automotivo, segundo o estudo levantado pela empresa Automotive
Business na primeira metade de 2017, é correspondente à cerca de
aproximadamente 25% do PIB nacional, ou seja, exerce um importante papel para o
desenvolvimento econômico do país. Dessa forma, pensar na indústria automotiva
com maior participação efetiva de mulheres é, consequentemente, ampliar a
economia, certo?
Mesmo cientes desse fato, e ainda de acordo com os dados da pesquisa, as
discrepâncias e desigualdades entre profissionais mulheres e profissionais
homens ainda são grandes: é apontado que apenas 17% dos cargos trabalhistas do
setor são ocupados por mulheres, ao passo que apenas 13% das empresas contam
com mulheres em cargos de presidência ou vice-presidência e 40% em posições de
diretoria. Além disso, o percentual de idade de funcionárias e funcionários em
atividade com mais de 46 anos é também discrepante: 11% para as mulheres, 26%
para os homens. A questão salarial continua diretamente desigual: homens
possuem salários maiores desde funções mais simples, ao passo que em funções
mais altas as mulheres ganham aproximadamente 33,8% menos que homens que ocupam
a mesma função.
Composta por um time de 295 colaboradores, as funcionárias mulheres da
Barros preenchem cerca de ¼ desse total, sendo que entre 36 líderes onde não se
inclui diretores ou diretoras, 33,33% são mulheres.
Mas vamos lá: o que esses dados querem dizer?
Apesar da inevitável frustração, tais dados também agem como potencial
de transformação: compreender a realidade a partir de questionamentos é poder
modificá-la. Deparar-se com tamanha desigualdade é também enxergar uma série de
oportunidades de evolução, como aponta Paula Braga, Diretora Executiva da
Automotive Business.
Dessa forma, é necessário que os próprios agentes do setor automotivo
compreendam que incentivar e apoiar a presença e mão de obra de mulheres, da
menor à maior função na indústria automotiva é, claro, movimentar a economia,
mas também fazer do mundo um lugar minimamente mais justo.
A Barros está inserida
nesse contexto e compreende a necessidade de ampliação e reformulação do quadro
de funcionários no âmbito geral, mas principalmente no âmbito interno. Estar
ciente da desigual estrutura a qual todos estão inseridos é a potência para
ações de mudança e criação de uma nova lógica onde todos e todas sejam e se
sintam igualmente beneficiados.