A crise no setor automotivo no Brasil não provocou apenas redução drástica nos volumes de vendas, mas abalou algumas estruturas já bem estabelecidas no mercado. Uma delas foi a liderança da Fiat, que já durava 14 anos. A marca perdeu este posto no ano passado para a General Motors justamente no momento em que a FCA concretizava os planos para a Jeep, que segue conquistando espaço desde então. “A perda de participação era esperada. Decidimos não perseguir volume, mas preservar o pouco de rentabilidade que ainda tínhamos naquele momento”, conta Sergio Marchionne, o CEO do grupo Fiat Chrysler, que visitou o País para cumprir uma agenda intensa de reuniões e acompanhar o lançamento do SUV Compass.
A marca italiana foi a que mais diminuiu seu market share entre janeiro e agosto deste ano, com redução de 2,9 pontos porcentuais para responder por 15,5% do total de emplacamentos do País. As vendas encolheram 35% e baixaram para 202 mil veículos. Os números podem preocupar, mas não assustam o executivo, conhecido pelo jeito descontraído e direto ao ponto. “Eu não olho mais para os números de cada marca de forma isolada. Já cometi esse erro antes. A FCA é uma coisa só”, diz, enfatizando que, enquanto a Fiat perde espaço, a Jeep ganha, o que garante algum equilíbrio. Desde o lançamento do Renegade, a marca saiu da 24ª para a 10ª colocação no ranking de vendas.
Ainda assim, ele admite que intenção é recuperar o espaço perdido, algo que Marchionne só acredita que será possível quando o mercado brasileiro se reerguer. “Nós investimos na fábrica de Pernambuco no momento em que fazíamos um carro a cada 20 segundos. Agora precisamos olhar para a planta de Betim (MG), pensar na sustentabilidade do negócio e começar a mudar de dentro para fora, renovando a oferta de produtos. “O portfólio pensado há 10 anos não é mais o que o consumidor quer hoje”, diz.
Fonte: Automotive Business