Buscando manter as vendas acima do ritmo recorde de 2015, as fabricantes de veículos estão pisando fundo para atrair os consumidores. A realidade virtual pode ser o próximo recurso da caixa de ferramentas.
A Audi, marca da Volkswagen, planeja lançar os óculos Oculus Rift em uma série de concessionárias até o fim do ano. Em fevereiro, Johan de Nysschen, presidente da Cadillac, que é da General Motors, encorajou algumas das lojas de menor volume de vendas da empresa a se tornarem virtuais. Com vendedores já fazendo experimentos com a realidade virtual do Brasil a Berlim, as fabricantes de veículos enxergam um benefício duplo na tecnologia: melhorar a experiência do consumidor e reduzir parte dos US$ 2,75 bilhões que as concessionárias dos EUA gastam anualmente em juros para manter veículos novos em seus espaços.
"Você usa os óculos e realmente acha que está no carro", disse Marcus Kuehne, líder do projeto de realidade virtual da Audi. A marca já permite que os clientes pré-equipem os carros em algumas concessionárias urbanas altamente digitalizadas e vê a realidade virtual como o próximo passo para permitir que os consumidores vejam o que desejam comprar. "É possível ter boa noção do tamanho -- as calotas se encaixam na carroceria do carro? As cores do interior combinam?", diz ele. "Você pode julgar muito melhor usando essa tecnologia do que uma tela."
Permitir que os clientes manipulem modelos, esquemas de cores e recursos em um ambiente virtual é a última ferramenta das fabricantes de veículos para se distinguirem em um mercado de crescimento mais lento, porém bastante rentável. Os números de vendas de abril que serão anunciados na terça-feira provavelmente mostrarão aumentos para a maior parte das grandes fabricantes de veículos americanas e japonesas, enquanto a taxa de venda anualizada, ajustada pelas tendências sazonais, subirá para 17,5 milhões, segundo uma pesquisa da Bloomberg. A projeção é que o ritmo e o total do mês estabeleçam recordes para o mês de abril.
Setor 'robusto'
"O desempenho das receitas brutas do setor continua robusto -- a demanda do varejo é forte, os preços das transações estão em níveis recorde e os consumidores gastarão mais em novos veículos do que em qualquer outro mês de abril da história", disse John Humphrey, vice-presidente sênior de prática automotiva global da J.D. Power, em um comunicado. "A desaceleração da taxa de crescimento, a mudança da demanda de consumo dos carros comuns para os SUVs e os elevados volumes de frota representam desafios significativos para as fabricantes em sua disputa pelo mercado."
A realidade virtual evoluiu de um conceito incomum para uma forma quase prática de fornecer entretenimento e informações graças às melhoras na qualidade de imagem e na largura de banda do computador e ao investimento de empresas como o Facebook. A Oculus VR, que foi comprada pelo Facebook por US$ 2 bilhões em 2014, lançou seu óculos de realidade virtual por US$ 599, contrastando com o HTC Vive da HTC Corp., com preço de US$ 799.
Embora o setor de jogos provavelmente responda pelo maior uso da realidade virtual no curto prazo, Jitendra Waral, analista da Bloomberg Intelligence, prevê que a novidade se tornará parte fundamental da experiência do consumidor em uma série de setores, incluindo o automotivo, o de saúde e o de turismo, nos próximos quatro a cinco anos. As vendas ligadas aos óculos poderão superar US$ 1 bilhão neste ano e atingir US$ 21 bilhões em 2020, estima Waral.
"O que as empresas estão fazendo é criar esses pontos de contato com o consumidor para se diferenciarem e serem mais competitivas em termos de experiência", disse ele em entrevista por telefone. "Isso é completamente diferente da forma como as coisas são feitas atualmente, por isso a novidade é o que atrai a atenção."
Fonte: Portal Uol