Durante anos, a pergunta "qual classe social desejo atingir?" era fundamental para elaborar as estratégias de definição do público-alvo. Era necessário se atentar para o poder de compra do consumidor, suas tendências e necessidades. No entanto, pode ser que este velho conceito esteja um pouco antigo. O estudo "Perspectivas para o Consumidor no Brasil em 2016", publicado pelo Grupo ECC, destaca o caráter fluido das ações do consumidor. "Hoje é comum uma pessoa da classe D consumir produtos tidos como de classe B. Isso tende a aumentar, inclusive no sentido oposto (consumidores da classe B, adquirir produtos destinados às classes C e D)", diz o documento.
Esse movimento vem ao encontro da retribalização. O fator promordial para a formação de grupos de consumo passa a ser não mais o poder de compra, mas a identidade dos produtos consumidos. Característica marcante de uma sociedade em rede, na qual os limites do bairro são transpostos pela amplitude das redes sociais, onde pessoas de várias classes sociais interagem. Para o CEO da DOM Strategy Partners, Daniel Domeneghetti, essa característica - apesar de dificultar a identificação do público-alvo - não muda substancialmente a dinâmica das relações comerciais entre empresa e consumidor. Ele destaca que existe um elo comum que une todas as classes - sobretudo nesse momento de crise: condições comerciais, facilidades financeiras e experimentações que materializam valor e viabilizam preço. "83% dos consumidores brasileiros querem preços melhores e condições mais fáceis de pagamento. Propaganda, e-commerce completo e bem apresentado e loja física integrada se as condições de pagamento não forem interessantes", aponta - antes de concluir com uma afirmação surpreendente. "As tecnologias e tendências estão se modificando. Embora os varejistas devam considerar todas essas variáveis, acredito que uma característica ainda predomina: o consumidor segue dando prioridade ao preço, na comparação com o valor agregado do produto".
Fonte: Novo Meio/ Novo Varejo