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Trabalhar menos para produzir mais

Para produzir mais é preciso trabalhar menos, afirmou Domenico De Masi, sociólogo italiano, em seu livro O ócio criativo, um best seller digno de leitura e reflexão. Na contramão dessa afirmativa, quem não trabalha não come, diz o dito popular, então, para onde correr?

Até há pouco tempo, a filosofia católica sempre carregava o fardo bíblico de que “o trabalho é o castigo do homem”. Está no livro do Gênesis, capítulo 3, versículos 16 a 20: tirarás dela o sustento com trabalhos penosos todos os dias da tua vida…

A partir do século 16, a filosofia protestante alterou essa máxima com a influência do alemão Martinho Lutero e a visão do francês João Calvino, ambos teólogos e reformadores do pensamento bíblico, nocivo até certo ponto, para a humanidade. Se o trabalho fosse o castigo do homem, poderia ser visto como algo estimulante, motivador e digno de orgulho?

Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante, entendeu o trabalho como a base e a chave da vida e, para ele, a profissão resultava de uma vocação, sendo o trabalho o caminho religioso para a salvação, visto, portanto, como virtude.

Max Weber se aprofundou na questão. Ele associou a ética protestante ao que chamou de espírito do capitalismo. Para o Protestantismo, a perda de tempo é o primeiro e o principal de todos os pecados, portanto, toda hora perdida no trabalho redunda em perda de trabalho para a completa glorificação de Deus.

Weber entendeu que o modo de vida que melhor serve a Deus está no cumprimento do trabalho por livre e espontânea vontade, porém imposto aos indivíduos por sua posição no mundo. Assim, ele definiu que a mais poderosa alavanca, que ele chamou de espírito do capitalismo, residia nessa avaliação religiosa do trabalho no mundo.

Toda a evolução do pensamento econômico e a prosperidade dos Estados Unidos ocorreu com base na ética protestante e no espírito do capitalismo, uma vez que os imigrantes eram, na maioria, de famílias inglesas, irlandesas, holandesas, escocesas, em geral, de formação protestante.

A partir do século 18, com o advento da Revolução Industrial, os economistas Adam Smith e David Ricardo conceberam o trabalho humano apenas por sua utilidade exterior, não por seu entrosamento com o homem, algo que não se sustentou, afinal, está devidamente comprovado que o ser humano é indissociável.

Eles dissociaram o operário do ser humano criando uma imagem do homem que viria a ser conhecida como o Homo Economicus. Smith, particularmente, posicionava-se a favor da divisão do homem em camadas e posições. E então tudo se transformou, de maneira que a sociedade demorou para aprender a lidar com isso.

História é história, mas o que isso tem a ver com você? Penso que é impossível atingir o estado de felicidade plena, em qualquer fase da vida, encarando o trabalho apenas como algo necessário para a sobrevivência e algo difícil de se livrar.

Da mesma forma, penso que é impossível ser feliz fazendo da vida o trabalho e do trabalho toda a sua vida. Nesse sentido, a separação do que é trabalho e do que é vida fora do trabalho faz toda diferença, entretanto, uma minoria consegue enxergar o trabalho e a vida dessa forma.

A maioria tenta justificar que o envolvimento profundo com o trabalho é suficiente para compensar a ausência do tempo com a família e com os amigos, então, tudo se perde. Como diria Margarita Tartakovsky, escritora, “produtividade não tem a ver com ser burro de carga, manter-se ocupado ou varar noites… Tem mais a ver com prioridades, planejamento e proteger seu tempo com unhas e dentes”.

Viver com produtividade produz resultados extraordinários, portanto, deve haver algo mais significativo por trás do simples ato de trabalhar. Na prática, deve haver sentido de contribuição e de realização. Se apenas trabalho duro fosse sinônimo de riqueza, a maioria das pessoas ricas não teria acumulado fortuna ao longo da vida.

Por essas e outras razões, o foco produz mais efeitos positivos do que o trabalho duro. Ao pensar com inteligência e dar importância ao que realmente faz sentido na vida e no trabalho, tende-se a eliminar tudo aquilo que reduz a produtividade.

Para trabalhar menos e produzir mais, você deve aprender a dizer “não”, a lidar com o caos, a melhorar seus hábitos de saúde e, principalmente, a fugir dos ambientes que não apoiam os seus objetivos. De acordo com Gary Keller e Jay Papasan, autores do best seller A única coisa, esses são os quatro principais ladrões de produtividade.

Para ser mais específico ainda e produzir mais, você deve obter a resposta mais próxima possível para a seguinte pergunta: qual é a única coisa que posso fazer de modo que, ao fazê-la, o restante se torne mais fácil ou desnecessário?

Por fim, não existe nada mais improdutivo do que trabalhar em algo que não agrega valor nem traz sentido para a vida. Foco também se resume a decidir sobre quais coisas você não vai fazer, ou seja, tem a ver com escolhas melhores.

Jerônimo Mendes é administrador, coach, escritor, professor e palestrante com mais de 35 anos de experiência profissional em empresas de médio e grande portes. Especialista em Empreendedorismo, Coaching, Gestão de Carreira e Negócios.

Fonte: Mercado Automotivo

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