Brasil, década de 1980. Em meio ao caos da hiperinflação, mercado fechado e o vai e vem de moedas, o setor automotivo era um dos mais prejudicados pela desordem nacional. Num tempo em que não havia concorrência de modelos importados os fabricantes instalados em solo verde e amarelo se davam ao luxo de fazer meros retoques cosméticos e de acabamento em seus veículos. Nessa época era muito comum a mídia especializada dar destaque a uma nova calota, faróis redesenhados e painel com grafismo diferenciado, que davam um alento aos entusiastas automotivos.
O cenário estava prestes a mudar no início de 1989. A General Motors, que está instalada no Brasil desde 1925, na ocasião podia ser considerada a fabricante mais conservadora. Naquele período havia lançado apenas três carros – Opala, Chevette e Monza. Mas o panorama estava prestes a se alterar com a chegada de um modelo que iria revolucionar o mercado. A mídia especializada já sabia que se tratava do Kadett, modelo desenvolvido pela subsidiária alemã Opel. Tanto que antes mesmo do lançamento o modelo já havia ilustrado a capa das principais revistas automotivas.
Para desenvolver o Kadett a GM investiu o montante de 220 milhões de dólares na planta localizada na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, e quatro anos de pesquisas e desenvolvimento para a adaptação do modelo à realidade brasileira. Apresentado em abril de 1989, já no final daquele mês foi disponibilizado ao mercado, quebrando um jejum de cinco anos consecutivos sem o lançamento de uma linha de automóveis inédita no país. Além disso, o Kadett preenchia uma lacuna entre o Chevette e o Monza. Entre os concorrentes diretos havia o Ford Escort, contemporâneo do novo Chevrolet na Europa.
Com a vinda do Kadett a Chevrolet ousou em trazer um modelo inovador em termos estéticos e aerodinâmicos, além disso nós brasileiros estávamos em compasso com os europeus. Para a General Motors também era o primeiro passo para uma leva de novos lançamentos que ela faria seguidamente nos anos subsequentes ao lançamento do Kadett.
Fonte: Oficina Brasil